A
reencarnação é o retorno da alma
ou do espírito à vida corporal, mas em um
outro corpo novamente formado para ela, e que nada tem
de comum com o antigo.
Reencarnar
(prefixo “re” + encarnar, do latim incarnare)
é voltar à carne, ou seja, tornar o espírito
a habitar um corpo carnal com o objetivo de se burilar
e se aperfeiçoar na senda do progresso a que todos
estamos predestinados.
Nos dias de hoje a reencarnação é
amplamente discutida e debatida entre todos os seguimentos
da sociedade; até mesmo as religiões não-reencarnacionistas
guardam enorme respeito aos adeptos da crença das
vidas sucessivas do espírito.
O
esquecimento do passado é uma bênção.
Deus, na sua infinita sabedoria, permite aos seus
filhos voltar à Terra, novamente encarnados,
reunidos em um mesmo grupo ou família. Espíritos
afins reencontram-se com o objetivo de se aprimorarem
e as lembranças de vidas passadas prejudicariam
o desempenho da criatura na atual existência.
Ódios, rancores, amarguras e desentendimentos
poderiam vir à tona atrapalhando o exercício
do amor fraternal no seio familiar ou no grupo de
convívio.
As
congregações cristãs, como por exemplo
o catolicismo ou o protestantismo, admitem a imortalidade
da alma, mas não compactuam com a hipótese
de o espírito ter a faculdade de renascer em um
novo corpo. Entretanto, pessoas de outras seitas desvinculadas
do cristianismo, tais como o Budismo, induismo, as religiões
afro-brasileiras, aceitam a reencarnação
como forma natural do aprimoramento e amadurecimento do
ser humano, assim como outras doutrinas espiritualistas
que vislumbram no Cristo um ente iluminado, crêem
na possibilidade da reencarnação, mas não
possuem característica religiosa, como é
o caso do racionalismo cristão, entre outros.
ESQUECIMENTO
DO PASSADO
Os
críticos mais pertinazes do tema em debate atribuem
a não existência da reencarnação
ao fato de não nos recordarmos das vidas anteriores.
Porém, um estudo superficial não nos daria
condições de analisar com a devida clareza
as finalidades e justificativas das vidas sucessivas.
Talvez em razão disso seja a descrença encontrada
no posicionamento de cépticos e censores.
O
esquecimento do passado é uma bênção.
Deus, na sua infinita sabedoria, permite aos seus filhos
voltar à Terra, novamente encarnados, reunidos
em um mesmo grupo ou família. Espíritos
afins reencontram-se com o objetivo de se aprimorarem
e as lembranças de vidas passadas prejudicariam
o desempenho da criatura na atual existência. Ódios,
rancores, amarguras e desentendimentos poderiam vir à
tona atrapalhando o exercício do amor fraternal
no seio familiar ou no grupo de convívio.
A
providência divina se encarrega de atender todas
as necessidades do espírito encarnado na sua atual
existência e as recordações do passado
poderiam prejudica-lo em sua missão. O déspota,
ao retornar à vida carnal, certamente iria envergonhar-se
de sua condição e atravancar o seu progresso
em busca da redenção. O soberbo renascido
entre os miseráveis e estropiados não admitiria
ser rebaixado da posição social em que outrora
se encontrava. Inimigos e desafetos encarnados no mesmo
círculo familiar, como pais, filhos ou irmãos,
fatalmente se digladiariam na hipótese de se recordarem
dos malefícios que fizeram um ao outro.
O
ato de perdoar ainda é muito difícil de
ser praticado em nossa condição evolutiva.
Por isso, o esquecimento dopassado vem de encontro com
às necessidades do espírito. Algozes ferrenhos
poderiam aprender o exercício do amor, da paciência
e da tolerância, desde que não se recordem
das feridas que foram provocadas e o perdão virá
de forma natural a dissolver as intrigas existentes entre
as criaturas.
Eis
o significado da não recordação do
que fomos, sentimos ou com quem nos relacionamos em existências
anteriores. O que deve permanecer tão-somente é
a consciência imortal do espírito.
DIFERENÇA
ENTRE RESSURREIÇÃO E REENCARNAÇÃO
A
palavra ressurreição é oriunda do
latim, resurrectione, e tem como significado o ato ou
efeito de ressurgir ou ressuscitar.
Nos
termos trazidos pelo Evangelho, a ressurreição
supõe o retorno à vida do corpo que morreu,
o que a ciência demonstra ser materialmente impossível,
sobretudo quando os elementos desse corpo estão,
desde há muito, dispersos e absorvidos.
O
dogma trazido pela igreja tem o condão de fazer
seus fiéis acreditarem na possibilidade acima discutida,
o que verificamos ser algo irrealizável.
Os
ensinamentos cristãos, oriundos de Jesus, diziam
respeito à reencarnação e não
à ressurreição, como veremos a seguir.
REENCARNAÇÃO
NA BÍBLIA
A
bíblia possui inúmeras assertivas acerca
da reencarnação, como por exemplo aquela
em que Jesus afirma ser João Batista é a
reencarnação do profeta Elias.
Todavia,
o trecho abaixo transcrito do evangelho de São
João, nos parece mais adequado ao estudo ora desenvolvido:
Ora,
entre os fariseus, havia um homem chamado Nicodememos,
senador dos judeus - que veio à noite ter com Jesus
e lhe disse: "Mestre, sabemos que vieste da parte
de Deus para nos instruir como um doutor, porquanto ninguém
poderia fazer os milagres que fazes, se Deus não
estivesse com ele."
Jesus lhe respondeu: "Em verdade, em verdade, digo-te:
Ninguém pode ver o reino de Deus se não
nascer de novo."
Disse-lhe Nicodemos: "Como pode nascer um homem já
velho? Pode tornar a entrar no ventre de sua mãe,
para nascer segunda vez?"
Respondeu-lhe
Jesus: "Em verdade, em verdade, digo-te: Se um homem
não renasce da água e do Espírito,
não pode entrar no reino de Deus. - O que é
nascido da carne é carne e o que é nascido
do Espírito é Espírito. - Não
te admires de que eu te haja dito ser preciso que nasças
de novo. - O Espírito sopra onde quer e ouves a
sua voz, mas não sabes donde vem ele, nem para
onde vai; o mesmo se dá com todo homem que é
nascido do Espírito."
Respondeu-lhe
Nicodemos: "Como pode isso fazer-se?" - Jesus
lhe observou: "Pois quê! és mestre em
Israel e ignoras estas coisas? Digo-te em verdade, em
verdade, que não dizemos senão o que sabemos
e que não damos testemunho, senão do que
temos visto. Entretanto, não aceitas o nosso testemunho.
- Mas, se não me credes, quando vos falo das coisas
da Terra, como me crereis, quando vos fale das coisas
do céu?" (S. JOÃO, cap. III, vv. 1
a 12).
Quando
Jesus disse a Nicodemos que a carne procede da carne e
o espírito procede do espírito, quis dizer
que o corpo carnal nasce de um outro corpo carnal, como
o filho que cresce no ventre de sua mãe, mas enfatizou
que o espírito é imortal e a sua procedência
é divina e nascerá em um novo corpo toda
vez que houver necessidade de reparação,
ajustamento ou evolução.
FINALIDADES
E JUSTIFICATIVAS
Expiação
O
vocábulo expiação também é
oriundo do latim, expiatione, e tem como significação
o ato ou efeito de expiar, isto é, castigo, penitência,
cumprimento de pena.
Todavia,
sabemos que Deus não castiga ninguém e o
sofrimento pelo qual estamos sendo infligidos é
fruto dos nossos próprios erros. É bem verdade
que a encarnação muitas vezes constitui
um aprisionamento para o espírito e poderíamos
comparar o planeta Terra, que ainda é um mundo
de expiações e provas, a um grande presídio
de almas, que padecem dos mais diversos problemas ligados
às doenças, à miséria, à
violência, etc. Porém, tais sofrimentos,
quando suportados com resignação, paciência
e entendimento, apagam erros passados e purificam o espírito
que assim vai, encarnação após encarnação,
libertando-se das imperfeições da matéria.
Muitas
pessoas ainda ficam surpresas quando afirmamos que o sofrimento
se faz necessário para a correção
das falhas que possuímos. Obviamente, as almas
possuem a faculdade de se melhorarem sem as dores e dificuldades
infligidas na encarnação, isto quando despertam
para uma nova consciência de trabalho em prol da
reforma íntima e amor ao próximo. Entretanto,
é sabido que muitos desses espíritos ainda
relutam em se despojar dos vícios e das más
inclinações. Endurecidos e cegos pelo egoísmo
e pela vaidade, não conseguem se libertar dos sentimentos
que aviltam o homem e, por isso, carecem da expiação
terrena para compreenderem melhor os desígnios
de Deus.
A expiação é, assim, a alavanca que
move o espírito estacionário ao caminho
da perfeição.
Prova
Entendemos
aqui a acepção prova como sinônimo
de aprendizado para o espírito. Cada nova existência
corporal é uma prova para o espírito.
Prova
não significa necessariamente sofrimento, como
é o caso da expiação, mas sim a aquisição
de novos conhecimentos em virtude de testes a que será
submetido o espírito encarnado.
Em
uma nova existência o espírito encarnado
estará sujeito a provas de paciência, de
tolerância, de amor, de fé, de perseverança,
entre outras, para que possa se depurar e adquirir mais
virtudes. É a reforma íntima operando no
espírito para que este possa um dia atingir a perfeição.
Missão
Também
oriunda do latim, missione, possui o sentido de encargo,
incumbência de realizar alguma coisa. Ora, todos
os espíritos, ao encarnarem, possuem uma missão
pré-estabelecida que, podemos denomina-la de planejamento
encarnatório.
Os
espíritos mais adiantamos vislumbram quais as possibilidades
mais favoráveis ao adiantamento do espírito
e, antes deste encarnar, traçam um planejamento
de toda a sua existência, desde o nascimento até
o desencarne. A família que o receberá,
as pessoas de sua convivência, o emprego, a escola,
as escolhas e as opções que deverá
fazer em sua encarnação.
Tais
missões, de modo geral, enquadram-se em papéis
de maior ou menor intensidade, de acordo com a capacidade
e a elevação do espírito reencarnante.
Não podemos confundir a missão definida
para cada espírito com a encarnação
de espíritos missionários, que são
os avatares incumbidos de grandes realizações
no planeta, como é o caso dos espíritos
sublimes que nos trazem tantos ensinamentos de conduta
moral é ética.
Nossas
realizações ainda são pequenas diante
da grande responsabilidade assumida por um espírito
missionário. Mas, são essas pequenas tarefas
que nos ajudarão a crescer moral e espiritualmente.
Cooperação
na Obra do Criador
O
trabalho inteligente realizado pelo espírito encarnado
em seu proveito sobre a matéria, concorre para
a transformação e o progresso material do
globo em que habita; assim é que, progredindo ele
mesmo, colabora na obra do Criador, de que é agente
inconsciente.
Todas
as almas estão obrigadas a esta cooperação.
Além daquilo que temos a expiar, além das
provas a que somos submetidos e além de cumprir
fielmente a missão ou tarefa a que nos propomos,
devemos colaborar com esta grande obra, que é o
alcance da perfeição humana.
Algumas
almas mais preguiçosas poderiam esbravejar dizendo
o seguinte: quer dizer então que, além de
sofrer, ser submetido a testes e cumprir tarefas estipuladas
em minha vida, ainda devo ajudar a Deus? E a resposta
é SIM.
Obviamente
que sim. Ninguém alcançará
a perfeição sozinho. Ninguém
estará plenamente feliz enquanto houver uma
alma sequer sofrendo. A caridade trazida como o
caminho para a salvação é a
máxima cristã da mais pura beleza
e veracidade.
Eis
a nossa verdadeira missão. A despeito da
pergunta formulada acima, Jesus fatalmente nos responderia
o que segue: se desejosos de atingires a perfeição,
olhai primeiro para baixo de vós, e vereis
quantos estão a sofrer e padecer das mais
cruéis e inúmeras dificuldades da
matéria. Auxiliai primeiro estes para serdes
auxiliados depois.
Trabalhando,
sendo operosos e fazendo a nossa parte enquanto
espíritos encarnados, estaremos dando a nossa
parcela de contribuição, somo singelos
operários a serviço do Criador.
Ajudar
a Desenvolver a Inteligência
A
encarnação também tem como escopo
o desenvolvimento intelectual do espírito. Todavia,
essa gama de conhecimentos que se adquire através
das várias existências deve servir para conduzir
as inteligências retardatárias ao Criador.
A inteligência é rica de méritos para
o futuro, mas, sob a condição de ser bem
empregada. Se todos os homens que a possuem dela se servissem
de conformidade com a vontade de Deus, fácil seria,
para os Espíritos, a tarefa de fazer que a Humanidade
avance.
Se
o meio onde o espírito habita lhe favorece o aprimoramento
de seus conhecimentos, ele deverá reparti-lo com
aqueles que não tiveram as mesmas condições
e oportunidades.
Por
outro lado, inteligência não é sinônimo
de sabedoria. De nada adianta a alma acumular conhecimentos
de toda espécie e não praticar o amor e
a caridade em sua vida. Poderíamos comparar essa
inteligência a um automóvel muitíssimo
veloz e sofisticado, mas que não possui um hábil
condutor: fatalmente se chocaria por não estar
governado por mãos caridosas e amoráveis.
Melhor seria possuir poucos recursos intelectuais, mas
conduzindo os impulsos da vida com bom senso e discernimento,
auxiliando sempre aqueles menos afortunados do caminho.