NOSSO GOVERNO INVISÍVEL

Max Heindel

É do conhecimento dos estudantes da Filosofia Rosacruz, que cada espécie de animal é dominada por um espírito-grupo, que é seu guardião e que os protege com o objetivo de guiá-los no caminho da evolução que for mais conveniente para o seu desenvolvimento. Não importa qual a posição geográfica desses animais; o leão nas selvas da África é dominado pelo mesmo espírito-grupo do leão que está na jaula de um zoológico em países do hemisfério norte. Portanto, esses animais são semelhantes em todas as suas principais características: têm os mesmos gostos e aversões com respeito à alimentação, e agem de maneira quase idêntica sob circunstâncias similares. Se alguém deseja estudar a classe dos leões ou dos tigres, basta estudar um deles, pois este não tem o poder de escolha ou prerrogativa, mas age inteiramente de acordo com o que dita o espírito-grupo. O mineral não pode escolher se vai cristalizar-se ou não; a rosa é impelida a desabrochar, o leão é obrigado a caçar e, em cada caso, a atividade é ditada completamente pelo espírito-grupo.

Porém, o homem é diferente quando queremos estudá-lo, percebemos que cada indivíduo é uma espécie única em si mesmo. O que um faz sob determinada circunstância, não indica o que o outro fará em circunstância idêntica. O alimento que um ingere bem, pode ser veneno para outro. Cada um tem diferentes prazeres e desprazeres. O homem, como o vemos no mundo físico, é a expressão de um espírito interno individual com escolha e privilégios.

Mas, na realidade, o homem não é tão livre quanto parece. Os estudiosos da natureza humana já observaram que, em certas ocasiões, um grande número de pessoas agirá corno se estivesse dominado por um espírito. E fácil notar, também, sem recorrer ao ocultismo, que as várias nações têm certas características físicas próprias. Todos nós conhecemos os tipos alemães, franceses, ingleses, italianos e espanhóis. Cada um desses povos tem características que diferem das de outros, indicando assim que deve existir um espírito de raça na raiz dessas peculiaridades. O ocultista que é dotado de visão espiritual tem conhecimento desse fato, que cada nação tem um espírito de raça diferente que a protege e paira como uma nuvem sobre o país. Nele as pessoas vivem, movimentam-se e têm o seu ser. Ele é seu guardião ,e está constantemente trabalhando para seu desenvolvimento, construindo sua civilização e amparando ideais da mais elevada natureza, compatíveis com sua capacidade para o progresso.

Lemos na Bíblia que Jeová, Elohim, que era o espírito de raça dos judeus, guiou-os numa coluna de nuvem, e no Livro de Daniel tomamos conhecimento do trabalho desses espíritos de raça. A imagem que Nabucodonosor viu com cabeça de ouro e pés de argila, mostrava claramente como uma civilização construída inicialmente com ideais dourados, pouco a pouco degenerou até que, na última parte de sua existência, os pés de argila fracionaram-se e a imagem foi condenada a ruir.

Assim, todas as civilizações quando iniciadas pelos diferentes espíritos de raça têm grandes e dourados ideais, mas a humanidade, por ter algum livre-arbítrio e escolha, não segue implicitamente os ditames dos espíritos de raça, como os animais seguem os comandos dos espíritos-grupo. Por essa razão, com o correr do tempo, uma nação pára de crescer, e, como não pode haver imobilidade no cosmos, começa a degenerar até que os pés são só argila. Então, é necessário um golpe para destruí-Ia, para que outra civilização possa ser construída sobre suas ruínas.

Mas, os impérios não caem sem um forte golpe físico e, conseqüentemente, um instrumento do espírito de raça de uma nação aparece quando esta nação está condenada a cair. Os Capítulos X e XI de Daniel dão-nos uma visão dos trabalhos dos governos invisíveis dos espíritos de raça, as forças por detrás do trono. Daniel estava muito perturbado espiritualmente; jejuava por três semanas completas rezando por luz e, ao final desse período, um Arcanjo, um espírito de raça, apareceu-lhe dizendo: "Não temas, Daniel, pois desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a mortificar-te na presença de teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras e eu vim por causa dos teus rogos. Porém, o príncipe do reino dos Persas resistiu-me por vinte e um dias; mas eis que veio em meu socorro Miguel, um dos primeiros príncipes, e eu fiquei lá junto do rei dos Persas". Em seguida, explica a Daniel o que irá acontecer: "Sabes tu porque eu vim ter contigo? Agora volto a pelejar contra o príncipe dos Persas, e quando eu sair virá o príncipe dos Gregos, e em todas as coisas ninguém me ajuda senão Miguel, que é o vosso príncipe". O Arcanjo também disse: "E eu, desde o primeiro dia de Dario, o Meda, estava junto dele para o sustentar e o fortificar".

Assim, quando a sentença é dada, alguém se erguerá para gerir o golpe; poderá ser um Ciro, um Dario, um Alexandre, um César, um Napoleão ou um "Kaiser". Este poderá pensar que é o primeiro a iniciar tal movimento, um indivíduo livre agindo por sua própria escolha e vontade. Na verdade, é somente o instrumento do governo invisível do mundo, o poder por detrás dos tronos, os espíritos de raça, que vêem a necessidade de destruir civilizações que já viveram além de sua utilidade, de modo que a humanidade possa ter um outro começo e possa evoluir sob novo ideal, mais elevado do que aquele que a animava antes.

O próprio Cristo quando na Terra disse: "Vim não para trazer a paz, mas uma espada", pois era evidente para Ele que, enquanto a humanidade estivesse dividida em raças e nações, não poderia haver "paz na Terra e boa vontade entre os homens". Somente quando as nações se unirem numa fraternidade universal é que a paz será possível. As barreiras do nacionalismo precisam ser abolidas e, para este fim, os Estados Unidos da América estão-se convertendo num crisol, onde tudo o que é bom das nações antigas está sendo reunido e amalgamado para que uma nova raça com ideais mais elevados e sentimentos de fraternidade universal possa nascer para a Era Aquariana. Entrementes, as barreiras do nacionalismo já foram parcialmente destruídas na Europa, através do terrível conflito que teve seu fim há pouco tempo (a 1ª Grande Guerra). Isto faz aproximar o dia da amizade universal e a realização da Fraternidade humana.

Outro objetivo deve ser também conquistado. De todos os sofrimentos aos quais a humanidade está sujeita, nenhum é maior do que a morte, que nos separa daqueles que amamos, pois somos incapazes de vê-los depois que deixaram os seus corpos. Mas, tão certo como ao dia se segue a noite, assim também todas as lágrimas vertidas destruirão a camada que agrara cega os olhos do homem ocultando-lhe a terra dos mortos que vivem. Já dissemos repetidas vezes e reafirmamos agora, que uma das maiores bênçãos que advirá da guerra será a visão espiritual que se desenvolverá num grande número de pessoas. A intensa aflição de milhões de seres, o anseio de rever os entes queridos que lhes foram arrebatados tão brusca e cruelmente, são uma força de incalculável energia e força. Da mesma maneira, aqueles que morreram prematuramente e se encontram agora no mundo invisível, estão igualmente desejosos de rever seus entes próximos e queridos para transmitir-lhes palavras de conforto que possam convencê-los de seu bem-estar. Portanto, podemos dizer que dois grandes exércitos compostos de milhões e milhões estão, com enorme energia e intensidade, abrindo um túnel com o propósito de ligar o mundo invisível ao visível. Dia após dia, este véu está ficando mais tênue e, mais cedo ou mais tarde, os vivos e os mortos que vivem encontrar-se-ão no meio do túnel. Antes que percebamos, a comunicação será estabelecida e isto constituirá uma experiência tão comum que, quando nossos entes amados saírem de seus corpos gastos e doentes, não sentiremos tristeza nem perda, porque seremos capazes de vê-los em seus corpos etéricos, movimentando-se entre nós como costumavam fazer. Então, sairemos vitoriosos do grande conflito com a morte e poderemos dizer: "Oh, morte, onde está teu aguilhão? Oh, tumba, onde está tua vitória?"

HOME  |  APRESENTAÇÃO   |   RESUMO   |   INICIAÇÃO   |   FALE CONOSCO   |  
Copyright © Jorge L. Rodrigues